Tarifa para empadronados y/o residentes en periodo estival | |||||
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ALEX MIRA | ESP | INOVAÇÕES EM MEDICINA DENTÁRIA | |||
EGIJA ZAURA | NLD | INOVAÇÕES EM MEDICINA DENTÁRIA | |||
IAIN CHAPPLE | GBR | PERIODONTOLOGIA | |||
IRENA SAILER | CHE | PRÓTESE FIXA E BIOMATERIAIS | |||
ISTVAN URBAN | HUN | IMPLANTOLOGIA | |||
JEFFREY P. OKESON | USA | OCLUSÃO | |||
JORGE CASIÁN ADEM | MEX | ODONTOPEDIATRIA | |||
JOSÉ CARLOS IMPARATO | BRA | ODONTOPEDIATRIA | JOSÉ LOPÉZ LOPÉZ | ESP | MEDICINA DENTÁRIA PREVENTIVA | JOSÉ NELSON MUCHA | BRA | ORTODONTIA | JUSSARA BERNARDON | BRA | DENTISTERIA | MIGUEL ÁNGEL GONZÁLEZ MOLES | ESP | MEDICINA ORAL | RICARDO HENRIQUE ALVES DA SILVA | BRA | MEDICINA DENTÁRIA FORENSE | ROBERTO PRADO | BRA | CIRURGIA ORAL | SHANON PATEL | GBR | ENDODONTIA | VINCENT FEHMER | CHE | PRÓTESE FIXA E BIOMATERIAIS | www.omd.pt/congresso/2022/ |
Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas
As palavras, conforme assevera o adágio, são frágeis e tendem a dissipar-se ao sopro de qualquer brisa. É possível, por isso, que o compromisso que assumi ao ser empossado como bastonário da OMD — unir a classe e dignificar a profissão — tenha sido entendido como um mero slogan ou, na melhor das hipóteses, como uma declaração de intenções que dificilmente seriam levadas à prática. Não é possível, desde logo, congregar vontades por decreto ou unir quem não pretende estar junto, e até Sísifo, que era filho do deus Eolo, foi condenado a empurrar uma pedra de mármore até ao topo de uma montanha sem nunca conseguir levar o seu trabalho até ao fim.
Dois anos volvidos sobre a eleição dos atuais corpos diretivos da Ordem, julgo, todavia, que é já possível reconhecer o muito trabalho que tem sido feito no sentido de materializar e dar passos concretos para realizar os objetivos aos quais me propus alcançar no decurso do atual mandato. Este número da revista é, aliás, um excelente exemplo disso mesmo, bem como da ambição que tem norteado a atuação da OMD.
A recente criação, em julho, do canal OMDTV constitui um marco indelével na concretização de uma estratégia, que visa aperfeiçoar a comunicação entre todos os médicos dentistas. Esta ferramenta permitirá divulgar a atividade da Ordem, procurando estimular a partilha de conhecimentos e de preocupações entre os associados, e, porventura mais importante, contribuirá também, e de modo decisivo, para aproximar os médicos dentistas da população em geral, difundindo conselhos práticos e úteis de higiene oral, divulgando hábitos saudáveis e responsáveis, e promovendo a literacia em saúde oral.
No sentido de promover a união e a coesão da classe, foi também retomada este ano a cerimónia do Compromisso de Honra dos médicos dentistas recém-inscritos. Procurou-se, desde modo, reforçar e reafirmar a essência médica da profissão, assumindo a ética e a deontologia profissionais como princípios basilares do exercício da medicina dentária, mas também a sua vocação de serviço público.
Igualmente significativo é o protocolo de colaboração estabelecido com o banco Santander, o qual permitirá disponibilizar a todos os médicos dentistas, em condições especiais, um conjunto de serviços bancários orientados para as necessidades específicas da profissão. O acordo abrange, por exemplo, o financiamento da formação contínua, essencial à qualidade do serviço prestado, mas também de projetos próprios dos médicos dentistas.
Voltaremos ainda, e muito em breve, a estar reunidos no congresso. Preservamos a ambição de fazer da reunião magna dos médicos dentistas um momento privilegiado de confraternização, de diálogo, de troca de conhecimento e, acima de tudo, de partilha e comunicação dos principais avanços técnicos e científicos da medicina dentária. O objetivo não podia ser mais claro: dotar todos os colegas dos instrumentos necessários para uma exemplar prestação de serviços à comunidade. Juntos e unidos, faremos de Portugal um país capaz de sorrir ainda melhor.
POSITIVO:
A campanha “Feche a torneira enquanto lava os dentes”, que esteve presente na rede multibanco, em vários pontos do país, foi tema em diversos meios de comunicação, o que nos permitiu aumentar o alcance da nossa mensagem: chamar a atenção para os bons hábitos de higiene oral. Não somos alheios à situação de seca severa que Portugal enfrenta. Poupar água é essencial e, enquanto fazemos este alerta, contribuímos também para a literacia da população. Cumprimos assim dois importantes desígnios sociais.
NEGATIVO:
Transcorreu já quase um ano desde que, em novembro, a Ordem dos Médicos Dentistas defendeu junto da ministra da Saúde a necessidade de criar uma comissão de planeamento e estratégia para a saúde oral em Portugal. Eventualmente mais preocupante do que a ausência de qualquer avanço nesta matéria, o silêncio do Governo em torno desta proposta poderá significar que o acesso universal a este cuidado de saúde primário vai continuar adiado, deixando a esmagadora maioria dos portugueses sem possibilidade de recorrer aos cuidados de medicina dentária.
VAI ACONTECEREnsino e formação
VAI ACONTECERPost-it verde
OrdemFormação em medicina dentária
ORDEMAprovado Conselho Diretivo
ORDEMProjeto de regulamento
OrdemConselho Deontológico e de Disciplina
ENTREVISTA
Teresa Alves Canadas
Presidente da Comissão Organizadora do 31º Congresso
Queremos que seja um evento que crie boas memóriasLer mais
DEONTOLÓGICO · Artigo de Opinião
Luís Filipe Correia
Presidente do Conselho Deontológico e de Disciplina
OS 13 MIL
Rui César
EUROPAFederação Europeia de Autoridades Competentes e Reguladores da Medicina Dentária
GLOBAL
Freddie Sloth-Lisbjerg
Presidente do Conselho Europeu de Médicos Dentistas
"Profissão de médico dentista mantém a importância crucial na saúde pública"Ler mais
ESTILO DE VIDA
Joana Vasconcelos
Artista plástica
É na arte e na criação que reside a evoluçãoLer mais
INFO
Artigos assinados e de opinião remetem para as posições dos respetivos autores, não refletindo, necessariamente, as posições oficiais e de consenso da OMD.
Anúncios a cursos não implicam direta ou indiretamente a acreditação científica do seu conteúdo pela Ordem dos Médicos Dentistas, a qual segue os trâmites dos termos regulamentares internos em vigor.
ACONTECEU · Encontro com a classe
Encontro com os associados da região Centro decorreu em Coimbra
Coimbra foi a cidade escolhida para a reunião de julho do Conselho Diretivo. O objetivo: aproveitar a deslocação para marcar encontro com os médicos dentistas que exercem na região Centro.
Após a análise da atividade mensal e dos projetos em curso, os membros do Conselho Diretivo quiseram ouvir a classe. No encontro, falou-se do exercício profissional na região, do presente e do futuro, e da importância de conhecer as diversas realidades dos profissionais. No centro do país exercem cerca de dois mil médicos dentistas.
Esta reunião enquadra-se no plano de descentralização da atividade da Ordem e de aproximação dos órgãos sociais aos seus membros.
O próximo encontro está agendado para outubro, na Madeira.
ACONTECEU · Federação Dentária Internacional
António Roma Torres foi nomeado NLO em maio
O presidente do Centro de Formação Contínua (CFC), António Roma Torres, é o novo National Liaison Officer (NLO) da Federação Dentária Internacional (FDI). Em declarações à Revista da OMD, o responsável refere que aceitou “o desafio com enorme entusiasmo e sentido de responsabilidade”, pois acredita “que se todos tivermos uma agenda de ação comum, temos maior probabilidade de alcançar ganhos para a saúde oral à escala global”.
O NLO português salienta que a “interação com associações congéneres é muito importante para identificar os problemas comuns e para posicionar a medicina dentária, os profissionais e pacientes nas agendas da saúde junto dos decisores políticos”.
António Roma Torres é licenciado em medicina dentária pela Universidade Fernando Pessoa, preside o CFC desde 2020 e assumiu a pasta dos assuntos internacionais na reunião do Conselho Diretivo do passado mês de maio.
ACONTECEU · Região Autónoma dos Açores
Clélio Meneses, secretário Regional da Saúde e Desporto, e Joana Morais Ribeiro, representante do Conselho Diretivo da OMD
Joana Morais Ribeiro, representante da Região Autónoma dos Açores no Conselho Diretivo da OMD, reuniu em junho com o secretário Regional da Saúde e Desporto dos Açores, Clélio Meneses. A criação da Carreira Especial de Medicina Dentária no Serviço Regional de Saúde (SRS) foi um dos temas em destaque.
A relevância do trabalho desenvolvido pelos médicos dentistas ao longo dos anos junto da comunidade foi o ponto de partida para a OMD apresentar uma proposta (previamente escrutinada pela classe) de regularização do exercício dos profissionais no setor público. Clélio Meneses mostrou abertura da tutela quanto à análise da criação da carreira no SRS.
A representante da OMD aproveitou a audiência para realçar o papel dos médicos dentistas - que trabalham tanto no setor público, como no privado - na melhoria da saúde oral dos açorianos. Também o trabalho desenvolvido em matéria de literacia e o seu impacto nos índices da saúde em geral foi enaltecido pela OMD. E, neste ponto, Joana Morais Ribeiro, recordou “a dificuldade do SRS em dar resposta às necessidades”, apelado por isso “à relevância das parcerias público-privadas, nomeadamente através da atualização dos valores da tabela de reembolsos aos utentes que acedem a prestadores privados”. Nesse âmbito, apresentou o estudo “Apuramento do Custo de Tratamentos em Medicina Dentária” como “base científica para uma atualização da tabela de reembolsos”. “Incrementar o valor a reembolsar ao cidadão, facilitar o acesso aos cuidados de saúde oral e promover a livre escolha do prestador por parte do cidadão” foram ideias transmitidas pela OMD. O secretário Regional da Saúde e Desporto mostrou-se atento às questões elencadas pela Ordem, valorizando a apresentação deste documento.
Clélio Meneses reiterou ainda a importância da literacia em saúde oral e Joana Morais Ribeiro aproveitou para fazer referência ao trabalho desenvolvido pelos médicos dentistas no âmbito das Equipas de Saúde Escolar, cujo contributo para a prevenção e sensibilização para as doenças orais tem sido especialmente relevante junto das crianças e jovens.
ACONTECEU · Prescrição manual
A entrada em vigor da obrigatoriedade da prescrição eletrónica para os profissionais referenciados pelas ordens profissionais como “inadaptados aos sistemas de informação e prescrição eletrónica” foi novamente adiada. A 12 de julho, foi publicada a Portaria n.º 178/2022 que altera pela quarta vez a Portaria nº390/2019, relativa às regras de prescrição e dispensa de medicamentos e produtos de saúde e que define as obrigações de informação a prestar aos utentes.
De recordar que a Portaria nº390/2019 elimina os casos de inadaptação fundamentada do prescritor (previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva ordem profissional) da lista de situações em que é possível a prescrição excecional de medicamentos por via manual.
A portaria agora publicada (nº 178/2022) tem efeitos a partir de 1 de julho e esclarece que “o processo de adaptação dos profissionais médicos às tecnologias de informação de suporte à prescrição eletrónica de medicamentos não tem decorrido ao ritmo esperado, razão pela qual importa garantir a possibilidade de estes profissionais continuarem a realizar prescrições médicas para o exercício da sua profissão “ e que o período transitório previsto “decorre até se conseguir alcançar a plena adaptação dos profissionais aos sistemas de informação”.
A prescrição eletrónica obrigatória de medicamentos está em vigor desde 2019. A legislação prevê três situações em que pode ocorrer excecionalmente a prescrição manual: “situações de falência do sistema informático, de indisponibilidade da prescrição através de dispositivos móveis, ou nas situações de prescrição em que o utente não tenha a possibilidade de receber a prescrição desmaterializada ou de a materializar”.
ACONTECEU · Rede de parceiros
(da esq. para a dir.) Amílcar Lourenço, administrador executivo do Santander, e Miguel Pavão, bastonário da OMD
A Ordem dos Médicos Dentistas e o banco Santander assinaram um protocolo de colaboração que visa disponibilizar à classe um conjunto de serviços com condições especiais, que abrangem as várias necessidades dos médicos dentistas, desde a formação ao apoio à criação dos seus próprios projetos.
Ao abrigo desta parceria, os membros da OMD têm acesso “em condições preferenciais a um conjunto de produtos e serviços bancários” comercializados pelo banco “nos termos previstos no protocolo”.
Para Miguel Pavão, esta colaboração vai contribuir para “alcançar aquilo que é o universo da medicina dentária, mas também das famílias de todos os médicos dentistas”. Assim, a OMD alarga o leque de parceiros, aos quais a classe poderá recorrer para executar os seus planos e projetos. O bastonário salienta ainda que este documento abrange várias dimensões, em particular a “da bolsa de formação” para que os médicos dentistas “possam realmente prosseguir a formação contínua, os seus estudos e uma evolução para a melhoria do exercício da nossa profissão”.
Na assinatura do protocolo, estiveram presentes Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Teresa Alves Canadas, vice-presidente do Conselho Diretivo, e Amílcar Lourenço, administrador executivo do Santander.
Conheça todas as parcerias institucionais ao seu dispor, em https://www.omd.pt/gamd/parcerias/.
ACONTECEU · Turismo em medicina dentária
(da esq. para a dir.) Miguel Pavão, bastonário da OMD, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, e Teresa Alves Canadas, vice-presidente do Conselho Diretivo da OMD
O bastonário da OMD, Miguel Pavão, e a vice-presidente do Conselho Diretivo, Teresa Alves Canadas, reuniram com a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, em Lisboa, no passado dia 28 de julho.
Na agenda da audiência esteve o crescimento do turismo em medicina dentária, um dossier que está a ser analisado pela OMD, através do grupo de trabalho Turismo em Medicina Dentária. O bastonário realçou que a Ordem está a realizar um inquérito à classe sobre este tema, com o intuito de mapear a atual situação do país e aferir as necessidades e preocupações dos médicos dentistas acerca desta matéria. Na reunião foi abordada a Estratégia de Turismo 2027 e a pertinência de integrar esta área médica no plano nacional.
Miguel Pavão apresentou ainda o posicionamento recentemente aprovado pelo Conselho Diretivo em relação ao atual papel da medicina dentária no mercado turístico. Rita Marques mostrou-se disponível para cooperar com a Ordem.
Na reunião, a vice-presidente do Conselho Diretivo, que assume também a presidência da Comissão Organizadora da edição do 31º Congresso da OMD, revelou os detalhes do maior evento de medicina dentária, que este ano decorre em Lisboa. Teresa Alves Canadas entregou à secretária de Estado uma apresentação sobre o impacto do congresso na mobilidade e afluência de profissionais à capital do país, tendo sido ainda avaliada a possibilidade de Rita Marques estar presente na inauguração da Expodentária. A responsável comprometeu-se a analisar o dossier.
ACONTECEU · Menção honrosa
(da esq. para dir.) Paulo Macedo, presidente da Comissão Executiva da CGD, Luís Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa, João Caramês, diretor da FMDUL, e Carlos Alberto Brito Pina, presidente do Conselho Geral da UL
O diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL), João Caramês, recebeu a menção honrosa dos Prémios Científicos da Universidade de Lisboa/ Caixa Geral de Depósitos, na área de saúde (medicina, medicina dentária, farmácia e enfermagem), no passado mês de junho. É a primeira vez que um investigador e professor da FMDUL recebe esta distinção.
À Revista da OMD, João Caramês, revela que “foi uma enorme honra” e lembra que a “investigação científica deve ser um pilar estrutural de qualquer faculdade”. “Produzir, transmitir e valorizar o conhecimento nas áreas das ciências orais e biomédicas tem sido para mim um crescente e estimulante desafio partilhado com todos quanto assumem esta postura científica, em particular com os membros da Unidade de Investigação em Ciências Orais e Biomédicas (UICOB) da FMDUL”, acrescenta.
O professor, que é também diretor da FMDUL, explica que nesta instituição se promove “cada vez mais a “vivência de ciência” entre os alunos de pré e pós-graduação pela sua participação nos vários laboratórios da instituição”. Por isso, salienta que a menção honrosa “é um prémio individual que reflete também a dinâmica de investigação e publicação, da qual tenho tido o privilégio de coordenar ao longo destes anos. Juntos foi possível contribuir para a consolidação do prestígio académico nacional e internacional da FMDUL e, consequentemente, da Universidade de Lisboa”.
A menção honrosa foi entregue durante a cerimónia dos Prémios Científicos, que está integrada nas Jornadas Científicas da Universidade de Lisboa: “The 2030 Agenda for Sustainable Development: Embracing Societal, Technological and Environmental Challenges at ULisboa”. Estes galardões são atribuídos todos os anos e visam premiar a atividade de investigação científica e incentivar a prática de publicação em revistas internacionais. Para o responsável, a “cultura pela investigação científica tem promovido uma influência positiva e indissociável na melhoria da qualidade clínica e dos serviços prestados à sociedade pela nossa instituição”. Até porque, realça, “ser médico dentista e simultaneamente investigador não é fácil, mas aporta uma visão translacional muitas vezes necessária”.
Em declarações à Revista da OMD, João Caramês refere que “para além da dedicação, o tempo presente e futuro apelam a um forte sentido de cooperação e partilha entre todos os membros da nossa Academia, a uma persistente procura de financiamento externo e a um espírito de intercâmbio com outras faculdades da Universidade de Lisboa ou restantes faculdades de medicina dentária do país. Nesta condição, mas também enquanto diretor da FMDUL não posso senão desejar uma faculdade “Aberta”! Aberta a quem queira estabelecer connosco uma rede de trabalho complementar e uma cooperação institucional para a produção de investigação pioneira e de qualidade”.
A sessão contou com a presença do reitor da universidade, Luís Ferreira, dos diretores das faculdades da UL, e de investigadores nacionais e internacionais.
ACONTECEU · Rastreio Colaborativo da COVID-19
OMD e médicos dentistas tiveram um papel ativo no Rastreio Colaborativo da ARS-N
O Rastreio Colaborativo da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), um projeto implementado no final de 2020, quando se registava uma das fases mais críticas da pandemia de COVID-19, com o objetivo de cortar precocemente as cadeias de transmissão na comunidade, é tema de destaque no jornal Preventive Medicine Reports, editado ScienceDirect.
O artigo científico “COVID-19 Collaborative Screening: An Action-Research Project for Large Scale Contact Tracing in the Northern Portugal” descreve o modelo de intervenção em que se basearam as equipas organizadas no âmbito deste rastreio e foi desenvolvido por representantes da Direção-Geral da Saúde, da secretaria de Estado para a coordenação da execução regional do estado de emergência, da ARS-N, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e das faculdades de Medicina e de Psicologia da Universidade do Porto.
No artigo, os autores evidenciam o papel e o trabalho desenvolvido pelos médicos dentistas contratados ou alocados ao projeto, ao assumirem a liderança das equipas que foram constituídas para a realização dos inquéritos epidemiológicos. O estudo demonstra igualmente que a formação e o conhecimento especializado da classe foram determinantes para o sucesso desta missão.
A disponibilidade da classe que respondeu prontamente ao apelo da ARS-N é reconhecida ao longo do documento, que realça também o envolvimento da OMD, que se associou de imediato à iniciativa, através da partilha junto dos associados da informação e dos processos de recrutamento.
O artigo pode ser consultado na íntegra em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2211335522002339.
VAI ACONTECER · Ensino e formação
Ordem, faculdades e estudantes reúnem em setembro
A OMD organiza, no final de setembro, a III Cimeira do Ensino Superior: Desafios Estratégicos do Ensino de Medicina Dentária em Portugal. A reunião realiza-se no âmbito do Fórum Ensino e Profissão Médico-Dentária e junta novamente a Ordem, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD) e as sete instituições de ensino da profissão.
O encontro tem como propósito dar continuidade às conversações iniciadas em 2021 e envolver todos os intervenientes do setor no debate e procura de soluções para os principais desafios que o ensino e o exercício da medicina dentária enfrentam.
VAI ACONTECER · A partir de setembro
Inscrições nos cursos do CFC estão a decorrer na página eletrónica da Ordem
Em setembro, o Centro de Formação Contínua da OMD retoma a ação formativa. Cumprindo o Calendário de Eventos de 2022, até ao final de outubro, serão organizados seis cursos: quatro clínicos, um médico e um socioprofissional. Endodontia, regeneração óssea ou cirurgia oral são algumas das áreas em destaque.
A formação destina-se a médicos dentistas e estudantes de medicina dentária e é gratuita. Para consultar o programa e inscrever-se, aceda à área de formação da página eletrónica da OMD, em https://www.omd.pt/formacao/. Neste separador estão também disponíveis os vídeos dos cursos já realizados.
VAI ACONTECER · Solidariedade
Projeto musical reúne cerca de 70 profissionais de Portugal e Espanha
Médicos dentistas, médicos e estudantes, oriundos de Portugal e Espanha, integram a Orquestra Médica Ibérica, um projeto musical sem fins lucrativos que tem como objetivo criar pontes entre os profissionais de saúde da Península Ibérica.
O primeiro concerto aconteceu a 11 de setembro, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Cerca de 70 profissionais que partilham a paixão pela medicina e pela música interpretaram a sinfonia do Novo Mundo de Dvorak, e obras de Carrapatoso e Falla, dirigidos pelo maestro Sebastião Martins, naquela que foi a primeira das exibições programadas por este grupo.
O dinheiro angariado reverte inteiramente a favor de uma instituição de solidariedade social, uma vez que o objetivo da orquestra passa por promover uma sociedade mais justa e equitativa, o acesso universal aos cuidados de saúde, a melhor prestação de cuidados a todos os doentes e o apoio aos mais vulneráveis. No concerto de estreia, a verba foi atribuída à Associação Portuguesa Contra a Leucemia, que promove o acolhimento de famílias de doentes sob tratamento de neoplasias hematológicas, a investigação nesta área e a literacia em saúde.
A atividade deste grupo pode ser acompanhada em https://www.orquestramedicaiberica.com/.
DESTAQUE · Compromisso de honra
Neste ato solene, “em que me assumo médico dentista declaro, sob minha honra, dedicar a minha profissão ao serviço da humanidade.” Foi com estas palavras, em uníssono e cientes da nobreza da profissão que escolheram, que cerca de 600 médicos dentistas recém-inscritos na OMD deram início ao Juramento de Honra, através do qual assumiram um importante pacto: cuidar dos seus pacientes, seguindo os princípios humanísticos e deontológicos.
Depois de Coimbra, em abril passado, foi a vez do Porto (em maio) e de Lisboa (em junho) darem as boas-vindas aos novos colegas, que aderiram entusiasticamente às cerimónias do Compromisso de Honra.
De olhar atento e cientes da solenidade do momento, escutaram sábias palavras sobre ética e boa conduta profissional e refletiram sobre o futuro, enquanto aguardavam pelo ponto alto deste encontro: o juramento coletivo.
Em todas as cerimónias, este foi o momento mais emotivo, tanto para os médicos dentistas, como para as famílias e amigos, que fizeram questão de registar os minutos em que as palavras ecoaram nos auditórios e aplaudir quem fez um longo caminho até chegar a este ato simbólico. Percurso esse salientado por Teresa Alves Canadas, vice-presidente do Conselho Diretivo (CD), Maria João Ponces, vogal do CD, Patrícia Almeida Santos, representante da região Norte no CD (na sessão do Porto), Nuno Ventura, representante da região Sul no CD (na sessão de Lisboa), e Mónica Pereira Lourenço, representante do Conselho de Jovens Médicos Dentistas (CJMD), num vídeo de boas-vindas aos recém-inscritos na Ordem.
Casa cheia no Porto
O orgulho era visível no rosto dos familiares que acompanharam os médicos dentistas na cerimónia do Porto, a 15 de maio. A alegria do reencontro de colegas de curso que já não se viam há muito tempo era notória e o ambiente que se sentia na Casa da Música era de festa, de celebração por mais uma etapa concluída.
Guilherme Figueiredo, ex-bastonário da Ordem dos Advogados e orador convidado da cerimónia, salientou o “Código Deontológico da medicina dentária” e a importância de reter “um conjunto de normas de natureza ética e legal”. Revisitou a ética e deontologia da profissão e lembrou os presentes da importância das Ordens, que lhes permitem agora “pertencer a uma comunidade, adensar os laços e os nós que o tempo criará, no abraço e no reconhecimento dos pares que diariamente partilham o caminho e as vicissitudes”.
Catarina Duarte, vice-presidente do CJMD, recordou o percurso que cada um fez até ao dia da cerimónia, não esquecendo as dificuldades do início da profissão. Ao futuro da classe, apelou, “cabe-nos valorizar, ter um olho clínico e crítico”, “sermos proativos” e “dignificarmos a nossa profissão”.
Carlos Silva, presidente da Mesa da Assembleia Geral da OMD, relembrou os perigos dos procedimentos estéticos, deixando o alerta: cuidado, “não fazer mal”, “fazer bem se possível” e “não buscar aquilo que não se pode oferecer ao paciente”.
Luís Filipe Correia, presidente do Conselho Deontológico e de Disciplina, definiu esta “cerimónia de capital importância” como “um marco para quem abraça com tanto entusiasmo, dedicação e esperança esta nobre profissão de médico dentista”. O responsável falou da evolução técnica e científica da medicina dentária, que deverá assentar no total respeito pelo direito universal da saúde geral da população. Por outro lado, notou, neste momento devem ser assumidos os “princípios basilares e fundamentais do comportamento médico”.
Perante uma plateia cheia, Miguel Pavão, bastonário da OMD, sustentou que “o compromisso de honra” constitui “um momento de tomada de consciência da responsabilidade inerente ao exercício desta profissão e daquilo que significa ser médico dentista”. Recordou que esta cerimónia tem na “sua génese o juramento hipocrático, escrito há mais de 2500 anos, na Grécia antiga” que “enaltecia o conhecimento como fonte de evolução e prosperidade”. Por isso, dirigindo-se aos novos membros, desafiou-os a darem “expressão à continuidade geracional de uma medicina dentária de qualidade, rigorosa, prestigiada e assente no conhecimento e na competência, sempre fiel aos princípios da ética, do humanismo e da solidariedade, apostada em servir o outro e a comunidade”.
Maria João Ponces, vogal do Conselho Diretivo, Miguel Pavão, bastonário da OMD, e Patrícia Almeida Santos, representante da região Norte no Conselho Diretivo
Lisboa encerra o ciclo
A mística de mais uma etapa concluída e de celebração de um marco importante na vida profissional voltou a sentir-se em Lisboa, a 18 de junho. Familiares, amigos e mestres dos médicos dentistas encheram o auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Todos com o mesmo propósito: assistir à consagração de uma geração que tem em mãos a missão de honrar e dar continuidade à profissão.
O professor catedrático jubilado António Vasconcelos Tavares foi o orador convidado desta cerimónia, um “momento de solenidade”, conforme realçou. No seu discurso de sapiência, o detentor da Medalha de Ouro da OMD e professor emérito da FMDUL assegurou que procurou sempre “ensinar e educar mulheres e homens íntegros, imbuídos do sentido de dever e do sacrifício, dotados do sentido de humor e das conveniências, de bom senso, aptos a trabalhar em harmonia com outros e possuidores, muito importante, de muito amor e dedicação pelo próximo”. Numa revisita ao passado, o académico citou Gregorio Marañón para passar uma importante mensagem à plateia: “viver não é só viver, é existir e criar, saber gozar e sofrer, e não dormir sem sonhar, descansar é começar a morrer”.
Mónica Pereira Lourenço, membro do CJMD e vogal do CD, aproveitou a sua intervenção para convidar à reflexão sobre “quem são vocês sem o diploma” e o medo. “Se o têm”, referiu, “provavelmente, é porque vão ser bons médicos, é porque genuinamente desejam estar à altura das responsabilidades e é inevitável, por vezes, as coisas vão correr mal e o que vai contar não é o diploma, é tudo o que vocês aprenderam e, mais do que isso, quem vocês são sem ele”.
Paulo Mascarenhas, vogal do Conselho Fiscal, acrescentou ainda importantes notas sobre a forma como o doente é encarado, já que o seu “interesse” se “sobrepõe ao interesse do médico”. E lembrou o papel do médico dentista: “nas ocasiões em que não conseguimos ou não temos conhecimentos adequados à situação que se nos apresenta, devemos referenciar o paciente para quem o saiba fazer e para quem nos possa ajudar a nós e, obviamente, o paciente que temos em mãos”.
José Frias Bulhosa, vogal do CDD, assinalou o “momento de consciente compromisso com a sociedade” com uma mensagem de elevação do humanismo e de reconhecimento dos mestres e da aprendizagem. Meios essenciais para, alicerçados “num profundo conhecimento ético, técnico e científico”, enfrentarem os desafios atuais, sem esquecerem o “objetivo basilar, a promoção da saúde”. Nesse sentido, apelou à consciência de que a medicina dentaria e os médicos dentistas serão “postos em causa pela sociedade sempre que um médico dentista ou uma clínica de medicina dentária for incriminada por perda de confiança por parte das pessoas”.
O bastonário relembrou o papel do médico dentista – “servir o outro e a comunidade”. Miguel Pavãosalientou também o propósito de retomar este juramento: “estamos convencidos de que face ao crescente risco de desregulação é necessário e urgente reaproximar a medicina dentária da sua essência médica, reforçando-a e assumindo a ética e a deontologia profissional como princípios fundamentais e basilares do exercício da nossa profissão”. E alertou para as dificuldades do setor, em que o “excesso de oferta estimula um conjunto de práticas eticamente discutíveis, seja para a segurança dos doentes, seja para a dignidade do exercício da nossa profissão”.
Miguel Pavão, bastonário da OMD, Teresa Alves Canadas, vice-presidente do Conselho Diretivo, e Nuno Ventura, representante da região Sul no CD
As cerimónias do compromisso de honra tiveram o Alto Patrocínio do Presidente da República. Na impossibilidade de estar presente, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de enviar uma mensagem vídeo aos recém-inscritos na OMD, na qual salientou que o juramento que fizeram nestas sessões será para cumprir “hoje”, “depois de amanhã”, “década após década”. É um “compromisso com as portuguesas e os portugueses, com todas e todos, sempre, todos os dias, a todas as horas de todos os anos”, referiu. E deixou importantes conselhos: saber “ouvir, aconselhar, apoiar, ajudar, compreender”. “Tudo começa hoje”, frisou.
Os eventos encerraram com a atuação da banda “Messias and the Hot Tones”, liderada pelo médico dentista Fernando Messias.
Estas cerimónias marcam o regresso de uma iniciativa que visa incutir a responsabilidade do que verdadeiramente significa ser médico dentista. Regressam em 2023.
DESTAQUE
“As organizações que reconhecem a sua história, respeitam e valorizam os seus antecessores tornam-se indiscutivelmente organizações mais sustentadas e preparadas para se afirmarem nas suas atribuições e competências”. Foi desta forma que o bastonário da OMD anunciou na cerimónia de Compromisso de Honra do Porto a entrega das primeiras Bolsas de Formação João F. C. Carvalho. O lançamento deste prémio simboliza “o âmago do compromisso de honra que hoje fazemos”, anunciou.
As primeiras bolseiras são as médicas dentistas Patrícia Leite e Fernanda Xavier Moreira Daemon, que foram selecionadas entre as 15 candidaturas avaliadas pelo júri constituído para este efeito. As bolsas foram entregues pelos filhos do primeiro presidente da Associação Profissional dos Médicos Dentistas, Ana Gião de Carvalho e João Gião de Carvalho, também médicos dentistas.
Recorde-se que esta bolsa foi anunciada pela atual direção na tomada de posse dos órgãos sociais e constitui um prémio de natureza técnico-científica, que concede financiamento, parcial ou total, à formação contínua do médico dentista, no âmbito da promoção da cultura e do conhecimento médico-dentário, em todas as valências principais ou conexas ao exercício da profissão.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, Fernanda Xavier Moreira Daemon, bolseira, e João Gião de Carvalho, médico dentista
Miguel Pavão, bastonário da OMD, Patrícia Leite, bolseira, e Ana Gião de Carvalho, médica dentista
Bolsa de Formação João F. C. Carvalho:
https://www.youtube.com/watch?v=1QvnE5xjRu0
ORDEM · Está no ar
E oficial! A Ordem dos Médicos Dentistas integra, desde julho, um novo meio de comunicação, direcionado para associados e população em geral.A OMD TV foi lançada no mês em que a atual direção assinala dois anos de mandato e tem como propósito difundir a atividade da Ordem, bem como informação útil e didática sobre saúde oral. Esta plataforma junta-se à OMD eNews (semanal) e à Revista da OMD (trimestral), enquanto meios institucionais de comunicação interna com os associados.
Para Miguel Pavão, a criação deste canal representa mais um passo na aproximação da Ordem aos seus associados, de “valorização da medicina dentária e da relação quotidiana dos portugueses com a sua saúde oral”. O bastonário explica que esta iniciativa nasceu com a intenção de “disponibilizar de forma rápida, e facilmente acessível, as reuniões e todo o trabalho de bastidores desenvolvido, que engloba vários dossiers que são de extrema importância para classe”.
Além disso, permite disponibilizar “um repositório de conteúdos informativos, conselhos e uma espécie de polígrafo sobre mitos e verdades da saúde oral, que podem ser usados pelos médicos dentistas no seu dia a dia e partilhado pelas clínicas e consultórios junto dos pacientes”.
Secretária de Estado realça valor do canal
No dia do lançamento da OMD TV, a secretária de Estado da Saúde, destacou a vertente pedagógica da plataforma. “Em Portugal, a saúde oral tem um impacto direto e inquestionável nos níveis de saúde, bem-estar e qualidade de vida da população”, afirmou Maria de Fátima Fonseca, em mensagem aos médicos dentistas. A responsável realçou ainda que esta plataforma será uma referência “para os profissionais de saúde”, mas também “uma ferramenta ao serviço da literacia”.
Em declarações à OMD TV, adiantou também que o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral 2021/2025 visa dar “continuidade às estratégias definidas no âmbito da promoção e prevenção da saúde e tratamento precoce das doenças orais”. A secretária de Estado acrescentou que os “agrupamentos dos centros de saúde serão dotados progressivamente da capacidade para a prestação de cuidados de saúde oral”.
Promover bons hábitos
“É missão deste canal fazer mais promoção de saúde, através de literacia e mensagens assertivas para diferentes públicos-alvo”, sustenta Miguel Pavão, realçando a tónica de serviço público desta plataforma.
Nesse sentido, regularmente serão partilhados temas de saúde oral, curiosidades de medicina dentária e entrevistas a profissionais sobre questões que afetam a população, através de três principais rubricas: “Mitos e Verdades”; “Dicas OMD” e “3 minutos com…”.
Acompanhe todas as novidades da OMD TV em
www.youtube.com/user/MedicosDentistas.
Aposta na literacia da população
A OMD está ciente de que, mais do que nunca, poupar água não é apenas uma decisão sustentável, mas um compromisso com a adequada gestão dos recursos naturais. Num momento em que o país está em situação de seca, a Ordem dos Médicos Dentistas aderiu ao repto do Governo de consciencialização da população para a adoção de pequenos hábitos que fazem toda a diferença na hora de poupar água.
Imbuída deste espírito, a Ordem lançou uma campanha “Feche a torneira enquanto lava os dentes”, através da qual se associa a uma causa de todos para transmitir conselhos importantes sobre a escovagem. A ação alerta não só para o desperdício de água, mas também para a regra de ouro de uma boa saúde oral: a fórmula 2x2 - lavar os dentes durante dois minutos, pelo menos duas vezes por dia.
Esta campanha, que alia sustentabilidade e literacia, foi difundida na rede nacional de multibanco, em 933 ATM’s, distribuídos por 20 distritos.
Campanha foi difundida na rede nacional de multibanco
ORDEM · Formação em medicina dentária
Rever os numerus clausus, reestruturar o plano curricular do mestrado integrado de medicina dentária e refletir sobre a qualidade do ensino superior foram os assuntos que a Ordem dos Médicos Dentistas levou à audiência com o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, no final de julho.
Miguel Pavão mostrou-se preocupado quanto ao excesso de profissionais anualmente formados, aproveitando assim para reforçar junto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que é necessário “validar e reforçar o ensino com qualidade”. O responsável defendeu que urge rever os numerus clausus de acesso aos cursos, uma vez que se verifica uma saturação muito grande no mercado de trabalho em Portugal. Um cenário que tem conduzido à emigração de profissionais altamente qualificados e contribuído para um cenário de precariedade e subemprego, que afeta largamente a classe.
Miguel Pavão, bastonário da OMD, e Pedro Nuno Teixeira, secretário de Estado do Ensino Superior
Por isso, a Ordem traçou “desafios ambiciosos” e, adiantou, há consenso com as universidades relativamente à necessidade de implementar no plano curricular um sexto ano ou um ano de estágio profissional.
Em declarações à OMD TV, Pedro Nuno Teixeira referiu que esta primeira conversa possibilitou a partilha de “preocupações que são mútuas, em particular com a qualidade da formação em medicina dentária”. Nesse sentido, garantiu, o objetivo passa por “trabalhar em conjunto” para dar resposta às questões apresentadas pela Ordem.
O bastonário acrescentou ainda que a intenção da OMD passa “prosseguir o contacto com as instituições de ensino superior da medicina dentária” e envolver o ministério no “acompanhamento” das pretensões que têm vindo a ser debatidas “de forma diplomática e em colaboração” com as universidades e os estudantes, no âmbito da cimeira do ensino superior.
Esta cimeira, que se materializou em duas reuniões com as sete instituições de ensino superior da profissão, resulta de uma plataforma de cooperação constituída entre a OMD e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD): o Fórum Ensino e Profissão Médico-Dentário.
Na reunião com o secretário de Estado estiveram presentes Manuel Fontes de Carvalho, ex-bastonário da OMD (à esq.), Maria João Ponces, vogal do Conselho Diretivo da OMD, e Miguel Pavão, bastonário da OMD (à dir.)
ORDEM · Aprovado Conselho Diretivo
N a reunião de junho, o Conselho Diretivo da OMD aprovou o texto destinado a ser apresentado pela Ordem dos Médicos Dentistas e pela Ordem dos Médicos ao órgão legislativo competente para aprovação de um regime jurídico do diretor clínico das unidades privadas de saúde, que prossigam atividades médicas e médico-dentárias, e que abrange também os estabelecimentos detidos por instituições particulares de solidariedade social (IPSS).
Este texto tem como finalidade definir as competências deste cargo, bem como as regras para o desempenho destas funções, tendo em vista a criação de mecanismos de empoderamento do diretor clínico, em particular nos casos em que o estabelecimento de saúde por ele dirigido seja propriedade de pessoas físicas ou jurídicas não inscritas em qualquer uma das associações profissionais desta área.
Para Miguel Pavão, bastonário da OMD, este é “um processo moroso, porque envolve várias ordens profissionais”, mas de particular relevo para a classe. O enquadramento deste estatuto é um dos dossiers em que a “direção gostava de deixar a sua marca”, pois trata-se de um “cargo de grande responsabilidade, pelo que é fundamental criar as bases para que não seja ocupado por alguém sem experiência ou maturidade”.
O documento agora validado pelo CD institui, por exemplo, que para ser diretor clínico, o médico dentista deverá possuir “experiência profissional efetiva correspondente a pelo menos 5 anos, exceto se o mesmo for o proprietário da unidade privada de saúde”. Estabelece também os impedimentos para o exercício do cargo, bem como as suas responsabilidades, os procedimentos perante a renúncia ou destituição, ou os processos de contraordenação.
Este texto visa o exercício destas funções no setor privado, uma vez que os diretores clínicos integrados em serviços ou unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) obedecem aos termos do estatuto do gestor público. O documento agora aprovado será remetido à tutela e aos órgãos legislativos competentes para análise.
ORDEM · Projeto de regulamento
Concluído o processo de implementação das especialidades de cirurgia oral, odontopediatria e periodontologia (que se juntam à de ortodontia) com as eleições para as respetivas direções, que tiveram lugar em abril, o Conselho Diretivo da Ordem deu início aos procedimentos necessários à implementação das especialidades de endodontia e prostodontia.
Nesse sentido, foi aprovado o projeto de regulamento dos processos especiais de acesso às referidas especialidades, encontrando-se até ao final de agosto, a decorrer a consulta pública. O documento foi publicado a 21 de julho e o prazo para apresentação de comentários e sugestões é de 30 dias úteis a contar desta data. Findo este período, os contributos que cheguem serão ponderados, seguindo-se a aprovação da versão final do regulamento pelo Conselho Diretivo e respetiva submissão para aprovação pelo Conselho Geral da OMD.
ORDEM · Conselho Deontológico e de Disciplina
CDD realizou sessões de esclarecimento nas sete faculdades de medicina dentária
O Conselho Deontológico e de Disciplina (CDD) reuniu com os finalistas do mestrado integrado de medicina dentária para informá-los sobre os aspetos éticos e deontológicos da profissão que em breve vão exercer.
Este ano, e em estreita relação com as faculdades, estas iniciativas tiveram lugar na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Católica Portuguesa - Centro Regional de Viseu e na Área de Medicina Dentária, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, no passado dia 17 de maio, e no Instituto Superior de Ciências da Saúde – Egas Moniz, no dia 13 de julho. Nas restantes instituições de ensino superior, as sessões de esclarecimento realizaram-se por videoconferência: na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, a 23 de maio, e a 9 de junho na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, na Universidade Fernando Pessoa e na CESPU.
Nestes encontros, o presidente do CDD, Luís Filipe Correia, aproveitou a oportunidade para sensibilizar os futuros médicos dentistas para a importância dos temas relacionados com a ética e deontologia no exercício da profissão. “Foi colocado o enfoque na importância e nas várias dimensões dos direitos e deveres dos médicos dentistas, dos direitos e deveres dos doentes, da importância da primeira consulta de medicina dentária, do valor da relação médico dentista-doente e ainda nas competências estatutárias da figura do diretor clínico”, esclarece o responsável. Luís Filipe Correia acrescenta que foi igualmente abordado “o enquadramento legal e normativo que tem a publicidade no âmbito da atividade que é regulada pela Ordem dos Médicos Dentistas”. “Importa ainda agradecer a todas as instituições de ensino superior pela forma acolhedora e motivadora como receberam o presidente do CDD”, finaliza.
Recorde-se que o CDD reconheceu, em 2013, a necessidade de promover junto da classe, uma ação pedagógica e continuada, no sentido de colocar as questões éticas e deontológicas no centro das preocupações dos médicos dentistas e, com isso, contribuir para uma medicina dentária de qualidade. Para cumprir este propósito, desde essa data já se realizaram várias sessões de formação contínua do CDD sobre ética e deontologia, dirigidas aos médicos dentistas, em horário pós-laboral e por todo o país, e também sessões de esclarecimento com estudantes finalistas do mestrado integrado em medicina dentária, nas várias instituições de ensino superior do país.
ENTREVISTA
Teresa Alves Canadas
Presidente da Comissão Organizadora do 31º Congresso
Queremos que seja um evento que crie boas memórias
Em novembro, o congresso da Ordem dos Médicos Dentistas regressa a Lisboa e a Revista da OMD conversou com a presidente da Comissão Organizadora da 31ª edição. Teresa Alves Canadas adianta algumas das novidades e detalhes do maior encontro de medicina dentária do país, que este ano celebrará a “entrega” e “dedicação” e fará um “reconhecimento à nossa classe profissional no seu todo”.
Ficámos também a conhecer as razões por detrás do mote Art with Heart e que a artista plástica Joana Vasconcelos vai juntar a sua arte a este evento. Teresa Alves Canadas revela ainda as principais particularidades da programação científica, da feira de equipamentos e materiais dentários e do programa social.
Presidente da Comissão Organizadora revela que Art with Heart é o mote da edição 2022 do encontro de medicina dentária
ROMD - O congresso regressa a Lisboa, este ano, num panorama em que é expectável um menor número de restrições relacionadas com a COVID-19. Quais são, portanto, as metas que a organização estabeleceu para esta edição?
TAC - A Comissão Organizadora do 31º Congresso da OMD partiu para este desafio com muita vontade de preparar um evento que seja uma celebração do final desta fase extremamente difícil que o mundo teve de enfrentar e que a medicina dentária, em particular, viveu muito intensamente.
A nível profissional, foram tempos extremamente desafiantes em que as rotinas, nas nossas clínicas e nas nossas consultas, necessitaram de ser completamente reorganizadas. A oferta e os formatos de formação não foram os desejáveis e, a nível pessoal, os momentos de encontro com os amigos e colegas de profissão tornaram-se menos frequentes. Foi sem dúvida um período que queremos deixar para trás. Precisamos recuperar as nossas vidas e voltar a sentirmo-nos completos e felizes.
Se há metas neste Congresso, esta é sem dúvida uma delas. Proporcionar a todos os colegas, que vêm partilhar estes dias connosco, formação de excelência e bons momentos de confraternização. Queremos que seja um evento que crie boas memórias e, nesse sentido, esperamos que seja um congresso de casa cheia. Estamos confiantes nesse objetivo atendendo ao elevado número de inscrições que temos registado.
ROMD - “Art with heart” é o mote do 31º Congresso. O que a inspirou quando idealizou esta abordagem e que convida a classe a olhar para o exercício da profissão numa outra vertente?
TAC - Em julho de 2021, quando recebi o convite do Sr. Bastonário para liderar a Comissão Organizadora do 31º Congresso da OMD, tentei perceber como poderia dar forma a este projeto.
Desde que terminei a minha formação académica, toda a minha vida profissional foi dedicada exclusivamente à prática clínica. Nestes 30 anos de exercício, nunca senti que tivesse existido um momento específico de reconhecimento à nossa classe profissional no seu todo, um momento em que se celebrasse a capacidade de entrega e de dedicação extrema dos médicos dentistas. Porque não fazê-lo este ano?
Foi assim que me surgiu a ideia de, neste congresso, prestar uma merecida homenagem à nossa classe profissional.
Importa reconhecer que os médicos dentistas demonstraram uma enorme capacidade de dádiva e de resiliência que permitiu, ao longo destes últimos 40 anos, que a medicina dentária portuguesa seja aquilo que é hoje. Reparem que, com uma ausência absoluta do Estado, os médicos dentistas foram capazes de criar uma rede de cuidados de saúde primários que é atualmente composta por cerca de seis mil clínicas, que na sua generalidade, prestam bons cuidados de saúde oral aos portugueses. Cada médico dentista que contribuiu para a criação desta estrutura sabe que só foi possível construir e manter cada clínica graças a muita dedicação e espírito de sacrifício. Muitas das escolhas que tiveram de ser feitas, muito frequentemente, foram em detrimento da vida pessoal e familiar.
Tudo o que os médicos dentistas portugueses foram capazes de construir foi feito com as suas mãos, mas também muito com o coração, naquilo que o coração significa de entrega, dedicação e espírito de sacrifício: amor à sua arte.
Depois de muitas tentativas acabei por perceber que estas três palavras - Art with Heart - dizem tudo aquilo que eu verdadeiramente pretendia transmitir.
“Como este ano celebramos a arte da medicina dentária portuguesa, juntar a arte da Joana Vasconcelos à nossa pareceu-me perfeito”
ROMD - A artista plástica mais conhecida do nosso país vai marcar presença neste 31º Congresso da OMD. Como foi isso possível? Quer desvendar algum pormenor sobre a sua participação?
TAC - A Joana Vasconcelos foi sem dúvida uma enorme inspiração. Sou uma apaixonada pelo seu trabalho.
É uma referência internacional, um nome incontornável da arte contemporânea mundial, uma artista muito acarinhada no estrangeiro, mas também em Portugal. Não posso esquecer o dia em que visitei a exposição da Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda, há nove anos, em que esperei horas para entrar. Foi a exposição individual temporária mais vista em Portugal. Eu nunca tinha assistido a uma situação em que milhares de portugueses esperaram horas numa fila de um museu para verem arte e muito menos para verem obras de uma artista portuguesa. Foi algo que me sensibilizou muito.
Como este ano celebramos a arte da medicina dentária portuguesa, juntar a arte da Joana Vasconcelos à nossa pareceu-me perfeito. Quando comecei a pensar o congresso, conversei com a Joana e perguntei-lhe se poderia participar de alguma forma no nosso evento. E foi a partir desse momento que sonhei verdadeiramente este projeto e que o mote ficou completamente definido na minha cabeça. Esta é também uma das formas que encontrei para prestar a referida homenagem à nossa classe.
Haverá assim uma surpresa preparada por esta Comissão Organizadora, para todos os médicos dentistas portugueses que estejam presentes no 31º Congresso da OMD.
Deixo desde já o nosso agradecimento à generosidade da artista, à sua grande gentileza para com a OMD e os seus associados. Posso dizer que será uma oportunidade única.
ROMD - O que podemos esperar desta edição do Congresso da OMD, uma vez que o enfoque está direcionado para a relação da medicina dentária com as várias especialidades médicas? Podemos afirmar que temos um programa científico vocacionado para uma formação eclética e multidisciplinar?
TAC - Precisamente. A Comissão Científica (CC) da OMD, presidida pelo Prof. Dr. António Mata, fez um trabalho de excelência em busca da construção de um programa científico que evidencia o enquadramento cada vez mais incontornável da medicina dentária nas outras especialidades médicas.
Ao percorrer o programa científico deste congresso apercebemo-nos que, cada vez mais, o médico dentista necessita integrar-se em equipas multidisciplinares, de forma a ser capaz de prestar o adequado tratamento ao paciente, bem como de aportar os seus contributos específicos às outras especialidades médicas. Considero que esta composição temática do 31º Congresso é um marco e um grande passo em frente assumido por esta Comissão Científica, a quem, mais uma vez, quero deixar o meu reconhecimento pelo excelente trabalho, que permitiu construir um programa de enormíssima qualidade que agora apresentamos, ainda na sua forma provisória. Claro que a sua riqueza não se esgota aqui.
Nos temas clássicos, que compõem maioritariamente o programa, cada elemento da CC foi responsável por selecionar áreas temáticas e conferencistas de renome internacional e nacional, que foram convidados há mais de um ano de forma a garantir a sua presença no evento. Honestamente, penso que nenhum colega deve perder esta oportunidade de ver e ouvir os conferencistas que, este ano, estarão entre nós, nos dias 17, 18 e 19 de novembro.
ROMD - E o que motivou a organização de um curso pré-congresso?
TAC - Atendendo à extensão do Congresso da OMD, que é atualmente o maior evento da área médica em Portugal, foi decidido realizá-lo na Feira Internacional de Lisboa. Na capital, apenas nestas instalações encontrámos as condições logísticas necessárias para a construção deste encontro. Vamos ter cerca de 20.000m2 de área dividida entre espaços dedicados ao programa científico e espaços destinados à indústria. Os trabalhos no local iniciam dia 14 e, no dia 16, teremos um auditório com capacidade para 500 pessoas completamente pronto. Uma vez que havia a intenção da Comissão Científica convidar o Prof. Okeson para estar presente no nosso evento - como sabem é uma referência internacional na área da oclusão - surgiu a ideia de aproveitar esta rara circunstância e propor-lhe a realização de um curso. O único senão consiste no facto de estar limitado apenas a 300 pessoas e, neste momento, o auditório estar já muito preenchido. Foi uma excelente aposta, sem dúvida. As inscrições neste curso demonstram isso.
ROMD - Há ainda uma clara aposta nos cursos hands-on e nos temas socioprofissionais. Considera que esta é uma componente tão importante na formação da classe como os temas clássicos da ciência?
TAC - Sem dúvida! Quanto aos cursos hands-on, a componente prática é trazida com ênfase ao congresso. Vamos ter quatro salas em simultâneo durante os três dias, com ofertas temáticas muito diferentes e específicas.
A componente prática é fundamental na nossa área. Nesta vertente, teremos cursos para todos os gostos e necessidades de aprendizagem, uns de iniciativa da Comissão Científica, outros de iniciativa da indústria.
Em todos estes cursos, os colegas têm a oportunidade de aumentar o seu saber, adquirindo experiência em técnicas inovadoras, ou de atualizar os seus conhecimentos em técnicas convencionais.
No que diz respeito aos temas socioprofissionais, tentámos este ano levar a debate temáticas atuais que preocupam os médicos dentistas e que importam discutir. O objetivo é trazer informação à classe sobre temas do quotidiano que interessam aos profissionais e cujo esclarecimento, por vezes, é difícil de obter.
Vamos debater que políticas de saúde oral estão a ser tomadas em Portugal e o que preocupa os mais jovens, como contornar o fluxo migratório dos médicos dentistas, o que podem os médicos dentistas esperar desta crise económica que parece estar a instalar-se, deveria a medicina dentária ser considerada uma profissão de desgaste rápido, como um médico dentista deve atuar dentro de uma equipa multidisciplinar, não esquecendo a importância da deontologia, da literacia e dos projetos sociais na medicina dentária. E muito mais!
ROMD - O regresso à Fil, no que respeita à Expodentária, representa também uma evolução em termos de espaço disponível para as empresas expositoras. Que novidades estão a ser preparadas?
TAC - Este ano, vamos ter o pavilhão 1 da FIL exclusivo para a Expodentária. Em 10.000m2, vamos ter cerca de 470 stands. A adesão das empresas foi fantástica e a feira esgotou num tempo record. Por isso, quero aproveitar para deixar os nossos agradecimentos a todos os patrocinadores e expositores.
Este ano, estamos com um record de patrocinadores neste congresso, o que mostra bem o interesse que este evento está a despertar nos profissionais da indústria, bem como a vontade comum de se alavancar a economia do nosso setor. É imperioso que isso aconteça.
ROMD - Na vertente social, o que pode adiantar em relação a esta edição?
TAC - No dia 18, sexta-feira à noite, teremos uma grande festa para todos os congressistas, que será realizada num sítio espetacular de Lisboa, junto ao Rio Tejo. Revelaremos tudo em breve. Também estamos a planear um passeio na zona do Parque das Nações, cujos pormenores iremos divulgar entretanto.
A Comissão Organizadora fez um grande esforço para compilar a máxima informação sobre a zona envolvente da FIL, de forma a que os médicos dentistas que estarão connosco nesses quatro dias possam ter todos os elementos disponíveis, no que diz respeito a restaurantes, bares e espaços a visitar no Parque das Nações. Existe um mapa construído pela Comissão Organizadora, onde estarão assinalados todos esses equipamentos.
Há vários hotéis que fizeram parcerias com a OMD para acolher os congressistas, com custos reduzidos e, para quem vem em grupo, identificámos locais para alojamento mais acessíveis para os jovens médicos dentistas, nomeadamente a Pousada de Juventude do Parque das Nações (que teve recentemente obras), que pode ser uma boa solução se reservada com antecedência..
Aproveito para deixar os meus sinceros agradecimentos à minha Comissão Organizadora pelo trabalho e tempo que têm dedicado ao evento e pelo que ainda irão dedicar. Deixo os nomes de cada um, porque sem eles nada seria possível. Obrigada António Cabral, António Ferraz, António José de Sousa, Carlos Morais, Catarina Cortez, Cristiana Moura, Inês Guerra Pereira, Joana Ribeiro, Maria Carlos Real Dias, Nuno Ventura, Orlando Martins, Patrícia Almeida Santos, Sara Azziz e Sérgio Quaresma.
ROMD - Que mensagem gostaria de deixar aos médicos dentistas que ainda não reservaram o seu lugar no encontro anual de medicina dentária?
TAC - Quero dizer a todos os meus colegas que temos estado a trabalhar em permanência para organizar um evento que acrescente muito a cada um de nós e a todos como classe.
Excelente programa científico, com um curso pré-congresso, numas instalações excelentes, numa zona de fácil acesso, próximo do aeroporto, com zonas de estacionamento e muitas possibilidades de alojamento. Vão poder visitar 10.000m2 de área de exposição.
Um Congresso que queremos seja único, com muita “ART “e muito “Heart”, ao qual nenhum de nós pode faltar.
Caros colegas, estamos à vossa espera, é para vós que tudo isto foi idealizado e concretizado. Deixo um grande abraço com estima, até novembro.
“Programa científico evidencia o enquadramento cada vez mais incontornável da medicina dentária nas outras especialidades médicas”
DEONTOLÓGICO
Luís Filipe Correia
Presidente do Conselho Deontológico e de Disciplina
A publicidade em saúde tem adquirido, nos últimos anos, um papel preponderante na comunicação entre os potenciais utentes dos serviços de saúde e os prestadores destes cuidados. Para além de divulgação da respetiva atividade, a publicidade surge muitas vezes associada à disponibilização de temas de saúde com interesse para a população, através da publicação de informações de carácter clínico.
A publicidade, pela sua própria definição, constitui uma ferramenta importante no domínio da atividade económica, dinamizadora do mercado, de fomento da concorrência, sendo benéfica para as empresas e respetivos clientes.
Com uma questão fulcral em mente - a defesa dos direitos dos utentes de saúde -, a publicidade tem sido alvo de legislação e regulamentação próprias. Por conseguinte, são proibidas as práticas de publicidade em saúde que, por qualquer razão, induzam ou sejam suscetíveis de induzir em erro o utente quanto à decisão a adotar.
Apesar da publicidade ser entendida como um meio muito importante na divulgação da atividade do médico dentista, é curioso analisar os vários inquéritos realizados pela Ordem dos Médicos Dentistas e publicados em Barómetros da Saúde Oral, através dos quais se tem tentado conhecer os hábitos, perceções e motivações dos utentes, bem como o seu acesso a cuidados nesta área.
Nestas sucessivas análises, verificou-se que, na seleção do médico dentista por parte do utente, este valoriza mais o aconselhamento por parte de um familiar, amigo ou conhecido (por conhecimento pessoal do médico dentista ou por indicação de um médico), do que a publicidade realizada pela entidade. Dá mesmo mais importância à proximidade da clínica em relação ao trabalho e/ ou à residência, chegando mesmo a entrar numa clínica quando passa na rua.
No entanto, há outros fatores extremamente importantes no momento da decisão de escolha do médico dentista - e que têm que ser levados em conta por parte dos utentes -, que estão diretamente relacionados com o profissional e que são a confiança, a competência, a paciência, a simpatia, a familiaridade conquistada e o cuidado com que o médico dentista realiza os seus atos clínicos. Fatores que levam inevitavelmente à fidelização dos doentes ao seu médico dentista.
É com elevado grau de satisfação que, analisando estes barómetros, vemos que os portugueses têm níveis elevados de fidelização aos seus médicos dentistas, não equacionando, na sua grande maioria, mudar de profissional ou, a fazê-lo, só em razões de extrema necessidade.
Independentemente do impacto que a publicidade possa desempenhar na população aquando a seleção do médico dentista, a Ordem dos Médicos Dentistas, desde a sua criação, tem-se debatido com questões a nível do foro disciplinar. E, centrando-se agora na regulação desta matéria, é importante voltar a abordar o relatório sobre Competitividade de 2006 (Relatório Monti) onde a Comissão Europeia, através do Comité Económico do Parlamento Europeu e decorrente do sentido político que adotou, se manifestou contra qualquer tipo de barreira ou restrição da competitividade, levantando qualquer entrave dito desnecessário à atividade de qualquer uma das profissões liberais. Instruiu ainda as Autoridades Nacionais da Concorrência para aplicarem uma legislação favorável nesta matéria, no sentido de adotarem a totalidade desta Declaração, recorrendo, se necessário, aos tribunais.
Na verdade, e no seguimento da posição do Relatório Monti, desde 2006, temos assistido a um crescimento da Publicidade em Saúde e, em 2011, com a intervenção desencadeada pelo Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, o Memorando de Entendimento descreveu as condições gerais da política económica a ser implementada em Portugal, tendo como ideia subjacente a de eliminar qualquer tipo de restrições ao uso de comunicação comercial (publicidade) em profissões reguladas, de modo a aumentar a concorrência no setor de serviços.
No entanto, desde 2012, o CDD tem vindo a reforçar a sua atuação disciplinar em matéria disciplinar.
Com a aprovação em 2019 do atual Código Deontológico da OMD, foi reforçada ainda mais esta sua ação, pois consagrou na sua redação um conjunto de deveres do médico dentista diretor clínico. Um desses deveres consiste em se inteirar ativamente no tipo de publicidade emitida, pelo estabelecimento ou unidade de saúde em causa, em especial quando não sejam detidos por médicos dentistas, e assegurar empenhadamente que a publicidade desenvolvida por aqueles não viole as regras do Código Deontológico, do Estatuto da OMD e demais regulamentação aplicável.
Desta forma, o CDD tem desencadeado uma série de ações pedagógicas junto dos médicos dentistas, mas também junto dos finalistas dos cursos de mestrado integrado em medicina dentária nas várias instituições de ensino superior, de forma a alertar para a importância do cargo de diretor clinico. É essencial que os profissionais entendam que os estabelecimentos prestadores de cuidados saúde em medicina dentária têm por obrigação nomear um diretor clínico, a quem cabe, por sua vez, um conjunto de responsabilidades, para além do prestígio que daí pode advir. Portanto, qualquer entidade ou clínica não pode prescindir dessa figura. No entanto, cabe ao médico dentista assegurar-se que esta entidade está a cumprir com as regras instituídas, cabendo-lhe, em última análise, caso não lhe seja permitido exercer em toda a sua plenitude o seu cargo, avaliar se estão reunidas as condições para se manter nessas funções. . Aqui está o poder do médico dentista e da sua influência.
Em matéria disciplinar, o CDD, desde 2012, já instaurou 135 processos cautelares a 306 médicos dentistas e 258 processos disciplinares a 387 médicos dentistas, que resultaram em 78 processos de arquivamento/absolvição e na aplicação de 67 penas de advertência, 15 de censura e 4 de multa, estando ainda 223 a aguardar decisão final.
DEONTOLÓGICO · Caso prático
A deontologia da medicina dentária é o conjunto de normas de natureza ética e legal que, com caráter de permanência e a necessária adequação histórica e científica, constitui o guia de conduta a que estão sujeitos todos os membros da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD).
A discussão e análise de situações práticas do dia a dia contribui para a compreensão do alcance da deontologia na atividade dos médicos dentistas.
Num contexto pedagógico e formativo, serão publicadas periodicamente na Revista da OMD a descrição e solução de casos práticos.
Uma doente de 48 anos, residente em Lisboa, resolve aceitar uma proposta profissional no Alentejo, mudando a sua residência para Évora.
Durante o período em que viveu em Lisboa era acompanhada numa clínica de medicina dentária, onde iniciou um tratamento ortodôntico e uma reabilitação com implantes dentários nos dentes 46 e 36.
Por forma a dar continuidade aos tratamentos numa clínica dentária em Évora, contactou a clínica de medicina dentária em Lisboa, solicitando a disponibilização de toda a sua documentação clínica, nomeadamente os meios auxiliares de diagnóstico, estudo cefalométrico e marca, modelo, lote e características dos implantes colocados.
Como deve o médico dentista da clínica em Lisboa proceder?
O prestador de cuidados de saúde de medicina dentária deve ter um arquivo onde figurem todos os processos clínicos individuais dos doentes.
Por sua vez, o processo clínico individual é integrado pela ficha clínica e por todos os meios auxiliares de diagnóstico, incluindo fotografias, modelos, exames imagiológicos e por todo o tipo de informação do doente recolhida durante o período de diagnóstico e tratamento (ex. meios complementares de diagnóstico e terapêutica realizados, como fotografias, modelos, relatórios de biópsias ou de análises clínicas, relatórios clínicos emitidos ou referências dos implantes colocados).
(v. artigo 30º do Código Deontológico da OMD)
Quando solicitado pelo doente ou pelo seu representante legal, o médico dentista deve fornecer a informação clínica relacionada com o diagnóstico e tratamento prestado, bem como todos os suportes dos meios auxiliares de diagnóstico, ou respetivas réplicas, que lhe digam respeito.
No caso de tratamentos de ortodontia, o médico dentista deve fornecer os exames complementares de diagnóstico, onde se inclui a análise cefalométrica. (v. FAQ - www.omd.pt/deontologia/perguntas/cat03/ctdipf/)
A informação clínica indicada no número anterior deve constar de relatório escrito extraído da respetiva ficha clínica.
No ato da entrega da informação clínica, o médico dentista pode emitir uma declaração da qual conste data, hora e local da entrega, bem como os documentos anexos e a assinatura do doente ou do representante legal (v. artigo 31º do Código Deontológico).
Caso o paciente solicite ao médico dentista a entrega da ficha clínica, aconselha-se a que este entregue apenas uma certidão extraída da mesma.
Nos casos em que estão em causa implantes dentários, e em conformidade com o deliberado pelo Council of European Dentists (CED) em novembro de 2020 (www.omd.pt/content/uploads/2021/01/CED-DOC-2020-021-FIN-E.pdf), recomenda o CDD que o médico dentista deve fornecer sempre ao paciente o respetivo cartão de identificação de implantes.
NACIONAL · Estatuto SNS
Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde, no entanto, deixou avisos ao Governo: há pouco tempo para regulamentar “tudo o que é essencial” e falta substância ao diploma.No site da presidência, o chefe de Estado enumera uma lista de “dúvidas”. O Presidente da República encara com apreensão a nova direção executiva do SNS e levanta três grandes dúvidas: “o tempo, a ideia da direção executiva e a conjugação entre a centralização nessa direção e as promessas de descentralização da Saúde”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra o Governo de que “fica por regulamentar, até seis meses”, “a própria natureza jurídica do SNS – se tem personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira –; o enquadramento e os poderes da nova direção executiva; o regime do pessoal; e as soluções excecionais para as zonas mais carenciadas”.
Por outro lado, “o Governo escolheu uma solução de compromisso entre o que está e a ideia, mais arrojada, de criar uma entidade pública com efetiva autonomia de gestão, que executasse as linhas políticas governativas, mas não se somasse às estruturas existentes do Ministério da Saúde”, lê-se no comunicado. O Presidente da República teme que se corra o risco “de comprimir ou esvaziar a direção executiva – no fundo, o seu principal responsável – entre o que hoje decide e todas as Unidades que cumpre gerir”.
Por fim, aponta “a conjugação entre a centralização na direção executiva e a descentralização prometida”.
OMD pronunciou-se durante consulta pública
O diploma foi promulgado em 48 horas, pois “é preciso recuperar os anos perdidos” e “é pelo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde que se deve começar qualquer reforma séria, efetiva e global da Saúde em Portugal”, assegurou Marcelo Rebelo de Sousa.
Em declarações à comunicação social, Lacerda Santos, secretário de Estado e Adjunto da Saúde, garantiu que o ministério vai “olhar com muita atenção, com muita ponderação, as observações do senhor Presidente da República e com certeza que haverá, como sempre houve, nesta boa relação com o senhor Presidente da República, adequações que sejam necessárias fazer ao diploma”.
Recorde-se que o Estatuto do SNS foi aprovado na generalidade a 21 de outubro de 2021, sem que as ordens profissionais da Saúde tivessem sido ouvidas no processo. Na ocasião, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, considerou que o diploma “vem clarificar o papel e a relação entre os vários atores do sistema de saúde, reafirmando a centralidade do SNS”.
Aquando a consulta pública do projeto de Decreto-Lei, a OMD enviou à ministra da Saúde, Marta Temido, um parecer com várias propostas de alteração. Entre elas, a Ordem alertava para a necessidade de existir pelo menos um médico dentista em cada centro de saúde e para a urgência de criar a carreira de medicina dentária no SNS.
NACIONAL · Dia Mundial da Criança
A propósito do Dia Mundial da Criança, a Direção-Geral da Saúde (DGS) apresentou o “Manual de Recomendações para um Estilo de Vida Saudável e Seguro”. Este guia engloba várias vertentes da saúde, nomeadamente a importância de criar bons hábitos e manter todos os cuidados inerentes a uma boa saúde oral. Este manual destina-se a todos os agentes que intervêm no dia a dia das crianças, desde os pais e cuidadores, passando pelas escolas e pelo envolvimento dos jovens em áreas que lhe dizem respeito.
Neste documento, a DGS apresenta vários conselhos sobre uma alimentação equilibrada – como por exemplo, sugestões para lanches saudáveis (em que o consumo de açúcar merece especial atenção), dicas sobre a frequência de consumo de alguns alimentos ou como interpretar a informação constante nos rótulos -, a importância da atividade física, a atenção à saúde mental, o impacto da saúde oral na saúde geral e a gestão da utilização de ecrãs.
O manual divide a informação de acordo com as várias etapas do desenvolvimento das crianças e jovens, direcionando as recomendações para as diferentes faixas etárias.
No que concerne os cuidados com a saúde oral, a DGS destaca a importância da utilização do cheque-dentista para a prevenção de doenças e deixa algumas considerações quanto à escovagem em ambiente escolar. “Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, sendo obrigatória a escovagem antes de deitar” é um dos conselhos incluídos neste manual, que aborda o desenvolvimento saudável sob a perspetiva integrada de várias áreas da saúde.
Poderá consultar este documento em www.dgs.pt/em-destaque/criancas-saudaveis-e-em-seguranca-dgs-lanca-novo-manual1.aspx.
EUROPACED
Assembleia-Geral do CED foi organizada pela OMD e realizou-se no Porto
Foi na icónica Alfândega do Porto, junto ao rio Douro, na cidade Invicta, que mais de 100 delegados do Conselho Europeu de Médicos Dentistas (CED) debateram políticas de saúde oral no espaço europeu. A organização da primeira Assembleia-Geral de 2022 ficou a cargo da Ordem dos Médicos Dentistas.
Durante dois dias, representantes de 28 países - Albânia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça – procuraram definir os novos compromissos para a saúde oral no pós-pandemia, tendo em conta as consequências económico-sociais que a guerra na Ucrânia está a provocar.
O CED pretende assim garantir que todas as políticas de saúde, sejam da Comissão Europeia ou dos governos dos Estados-Membros, têm um capítulo concreto para a saúde oral. E foi esse o ponto de partida para o início dos trabalhos, uma vez que, salienta o bastonário da OMD, “apesar de haver realidades muito diferentes no espaço europeu, há fatores comuns a todos os países”. “Mesmo nos países da Escandinávia ou no Reino Unido, em que o acesso a consultas de medicina dentária é mais transversal a todas as camadas sociais, há margem para progresso”, acrescentou.
Miguel Pavão, bastonário da OMD, foi o anfitrião da Assembleia-Geral do CED
Acesso à saúde oral para todos
Na receção aos membros do CED, Miguel Pavão, recordou as metas do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que foram aprovadas “há um ano precisamente na Alfândega do Porto”, entre elas a redução da pobreza e da exclusão social. Na sua ótica, “só será possível retirar desta situação 15 milhões de pessoas, incluindo 5 milhões de crianças, com políticas concretas na área da saúde oral”. “O combate à desigualdade social passa obrigatoriamente por garantir que toda a população na Europa tem acesso a consultas de medicina dentária, consultas regulares e de prevenção”, frisou.
Na apresentação dos relatórios nacionais por parte dos Estados-Membros do CED, o bastonário da OMD constatou que “Portugal é um dos países da União Europeia em que a população tem maiores carências nesta área”, realçando o facto de que os cuidados de saúde oral são maioritariamente disponibilizados no setor privado. “Apesar de todos os partidos políticos fazerem muitas promessas nas campanhas eleitorais para esta área, pouco concretizam quando chegam ao Governo”, concluiu.
Balanço dos grupos de trabalho
Na Assembleia-Geral do Porto, os grupos de trabalho (GT) apresentaram os progressos alcançados. O GT E-Saúde revelou o documento sobre “eSkills” para médicos dentistas. O GT Segurança do Paciente, Controlo de Infeções e Gestão de Resíduos mostrou um relatório sobre a segurança dos médicos dentistas e dos pacientes durante a pandemia. O GT Educação e Qualificações Profissionais, liderado pelo médico dentista português, Paulo Melo, e o GT Materiais Dentários e Dispositivos Médicos apresentaram os últimos desenvolvimentos alcançados.
Também as “Task Forces” sobre o Mercado Interno e a Proteção Radiológica fizeram o balanço do trabalho desenvolvido.
Freddie Sloth-Lisbjerg, presidente do Conselho Europeu de Médicos Dentistas
Grupos de trabalho do CED fizeram o balanço da sua atividade
Estudantes marcam presença
A Associação Europeia de Estudantes de Medicina Dentária (EDSA) participou na Assembleia-Geral do CED, tendo a responsável, Marta Adam, divulgado os assuntos que mais preocupam os futuros profissionais.
O presidente da Associação para a Educação de Medicina Dentária na Europa (ADEE), Pål Barkvoll, foi outra das presenças na reunião e aproveitou para falar sobre a importância de incluir a saúde oral dos programas de cuidados primários de saúde, investindo assim na prevenção das doenças orais. Realçou também, tal como Miguel Pavão, as desigualdades que ainda se verificam em vários países em termos de acesso a estes cuidados, tanto a nível local, como nacional.
O CED representa mais de 340 mil médicos dentistas, através de associações e ordens de médicos dentistas nacionais de 33 países europeus. Os membros voltam a reunir a 18 de novembro, em Bruxelas.
(da esq. para a dir.) António Roma Torres, presidente do Centro de Formação Contínua da OMD, Gonçalo Assis, à data NLO da FDI, Miguel Pavão, bastonário da OMD, Paulo Melo, membro do Board do CED, e Óscar Madureira, advogado da OMD
EUROPA · Federação Europeia de Autoridades Competentes e Reguladores da Medicina Dentária
Miguel Pavão, bastonário da OMD, e Maria João Ponces, vogal do Conselho Diretivo, participaram na reunião plenária da FEDCAR A Federação Europeia de Autoridades Competentes e Reguladores da Medicina Dentária (FEDCAR) reuniu em Roma para discutir várias questões relacionadas com o ensino e a formação, nomeadamente os desafios decorrentes do conflito armado na Ucrânia e que têm impacto no exercício da profissão. Nesse sentido, as ordens e reguladores europeus analisaram o processo de reconhecimento das qualificações profissionais para refugiados temporários da Ucrânia. Igualmente no âmbito do ensino, os participantes na reunião plenária debateram o estado do ensino da medicina dentária na Europa, em que foram abordadas as preocupações relacionadas com a importância de garantir a elevada qualidade da formação dos futuros médicos dentistas. A comitiva da OMD, representada pelo bastonário Miguel Pavão e a vogal do Conselho Diretivo, Maria João Ponces, participou neste plenário e salientou que este dossier tem merecido atenção especial. Por isso, adiantaram, a Ordem está em conversações com as instituições de ensino superior e os estudantes. Os membros da FEDCAR consideram que a formação deve obedecer a rigorosos padrões de qualidade, que devem ser uniformizados a nível europeu. “A qualidade do cuidado está ligada ao bem-estar do paciente”, lembrou Filippo Anelli, presidente da Federação Nacional das Ordens de Cirurgiões e Dentistas (FNOMCeO) de Itália. O responsável garantiu que, durante a presidência italiana deste organismo, vai continuar a sensibilizar as instituições europeias para este ponto.
Telemedicina na agenda
Na agenda dos trabalhos esteve ainda a teleconsulta em medicina dentária. “Telemedicina, inteligência artificial e robótica trazem novos desafios”, adiantou Filippo Anelli. A presidência italiana da FEDCAR notou que os profissionais “estão condicionados por esta mudança, que envolve uma série de benefícios, mas também de escolhas éticas”.
Por fim, foi ainda debatido o controlo dos equipamentos de radiologia e a postura da Organização Mundial da Saúde em relação à saúde oral, que dias depois desta reunião aprovou a estratégia global para esta área.
GLOBAL
Freddie Sloth-Lisbjerg
Presidente do Conselho Europeu de Médicos Dentistas
Profissão de médico dentista mantém a importância crucial na saúde pública
A Revista da OMD esteve na última Assembleia-Geral do CED, que se realizou no Porto, e conversou com o novo presidente da organização que representa mais de 340.000 médicos dentistas em toda a Europa: Freddie Sloth-Lisbjerg.O médico dentista dinamarquês falou das razões que o levaram a candidatar-se ao cargo e da sua visão para o CED. Refletiu ainda sobre os desafios com que os vários países se deparam e deixou conselhos importantes para a classe, desafiando-a a ser uma voz ativa na defesa da medicina dentária.
ROMD - Foi eleito presidente do CED em novembro do ano passado. O que representa para si e para a Dinamarca este cargo? O que o motivou a candidatar-se?
FSL - Sinto-me verdadeiramente honrado e orgulhoso por me ter sido confiada esta grande responsabilidade, pelos membros do Conselho Europeu de Dentistas (CED). Para mim, esta posição assenta na defesa das prioridades para a medicina dentária e ao mesmo tempo assegurar um bom equilíbrio entre a política e a legislação europeia e nacional. O meu objetivo e esperança para o futuro é que o CED continue a ser, em toda a Europa, um líder na promoção de altos padrões de cuidados de saúde oral e de uma efetiva prática profissional, centrada na segurança do paciente. Foi isso que também motivou a minha candidatura à presidência.
No que respeita a medicina dentária, a Dinamarca tem estado na vanguarda do progresso em áreas como a E-Saúde e a Associação Dentária Dinamarquesa continua a estar altamente empenhada e ativa enquanto membro do CED. Este é um dos pontos fortes do CED: a capacidade de união enquanto membros, com perspetivas e conhecimentos de diferentes nacionalidades, que contribuem para a melhoria contínua da profissão de médico dentista e da saúde pública como um todo.
ROMD - Quais são as metas e prioridades a que se propôs para este mandato?
FSL - Para este mandato gostaria de assegurar que o diálogo com as instituições europeias permaneça ativo e consistente, de modo a garantir que qualquer legislação relevante promova a saúde oral e que não resulte em burocracia excessivamente onerosa e em implicações negativas, quer para os pacientes, quer para o médico dentista. Esta questão também está a ser objeto de debate no que concerne o papel da saúde: é importante preservar o equilíbrio da balança entre o poder e a responsabilidade na saúde pública, tanto a nível nacional, como da UE, nomeadamente face às lições aprendidas relativamente à pandemia da COVID-19.
Questões específicas que serão prioritárias durante este mandato são a E-Saúde (por exemplo, com a recém lançada proposta de regulamento relativo ao Espaço Europeu de Dados de Saúde e as suas implicações para os profissionais de saúde), mas também os materiais dentários e dispositivos médicos, nos quais a regulação continua a ter impacto na medicina dentária. Outras questões prioritárias são a medicina dentária corporativa, a disponibilidade de materiais como o cobalto, o papel geral da medicina dentária na sustentabilidade e meio ambiente. Também nos estamos a debruçar sobre o tema do amálgama dentário, uma vez que a legislação da UE sobre o mercúrio encontra-se igualmente em processo de revisão. Diante da futura revisão da Diretiva de Qualificações Profissionais, a formação clínica de jovens dentistas continua a ser uma prioridade crucial.
Presidente do CED reconhece que os últimos anos trouxeram desafios para a profissão e os pacientes
ROMD - Podemos afirmar que a Assembleia-Geral do Porto, em maio, ficará na memória como a reunião de estreia enquanto líder dos médicos dentistas europeus. Que balanço faz desta assembleia? Após dois anos de pandemia, esta primeira assembleia de 2022 assume maior importância para o CED e o futuro da profissão na Europa?
FSL - Estou orgulhoso e satisfeito com a realização da Assembleia-Geral no Porto e sou grato à Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) pela sua hospitalidade e organização. Gostaria também de exprimir a minha gratidão ao bastonário da OMD, Miguel Pavão, pelo seu compromisso exemplar e dedicação à medicina dentária como um todo, e pela colaboração incansável nesta bem-sucedida reunião.
A Assembleia-Geral proporcionou um importante impulso e uma nova energia para avançar e progredir nas prioridades da medicina dentária. Foi também um autêntico prazer poder conviver e interagir pessoalmente, após dois anos pandémicos. Além disso, tivemos a honra de receber a Associação para a Educação de Medicina Dentária na Europa e a Associação Europeia de Estudantes de Medicina Dentária como convidados durante o encontro.
A Assembleia-Geral do Porto de 2022 foi muito produtiva e ofereceu a oportunidade de partilhar informações sobre desenvolvimentos que têm impacto nos médicos dentistas a nível nacional - incluindo a implementação de legislação nacional e europeia, as mudanças no financiamento da saúde oral e da formação de médicos dentistas, desenvolvimentos na E-Saúde -, bem como o impacto da COVID-19 na medicina dentária e nas atividades de apoio aos médicos dentistas e, de forma mais ampla, na população em geral que sofre as consequências da guerra na Ucrânia. De particular interesse foram as questões do mercado de trabalho, uma vez que alguns países relataram escassez nacional ou local de médicos dentistas, enquanto outros países viram o número aumentar.
Esta reunião destacou tudo o que já foi alcançado, mas também tudo o que precisa ser feito: legislação, políticas e fatores externos que têm impacto na medicina dentária estão em constante evolução e a profissão tem de continuar ágil e empenhada para que consiga vencer estes desafios.
É uma honra ter a OMD como membro do CED. Os nossos colegas portugueses são muito ativos e dedicados”
ROMD - Sendo uma organização que representa os médicos dentistas da União Europeia, como definiria o papel e o trabalho do CED e o seu impacto no exercício profissional dos vários países membros?
FSL - O CED é uma associação europeia sem fins lucrativos que representa mais de 340.000 médicos dentistas em toda a Europa, através dos diferentes organismos nacionais. É importante sublinhar que a adesão não está aberta a médicos dentistas individuais, mas apenas a associações nacionais e ordens profissionais que estão habilitadas a representar os médicos dentistas do seu país. Sendo assim, o CED é composto por 33 associações e ordens de médicos dentistas de 31 países europeus. As associações de 26 países-membros da UE são membros plenos. O Reino Unido, a Noruega, a Islândia e a Suíça são membros afiliados, e a Albânia é país observador.
Dada a sua natureza como organização composta por associações e ordens nacionais de médicos dentistas, o CED representa a profissão através da monitorização da evolução das políticas, influenciando o processo legislativo e garantindo que a regulação seja equilibrada e proporcional. Além disso, somos agora um stakeholder totalmente reconhecido na EMA (Agência Europeia de Medicamentos) e aguardamos processo similar no ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças). Estas participações permitem que possamos partilhar o nosso conhecimento sobre o controlo de infeções e segurança do paciente na medicina dentária e influenciar as diretrizes e recomendações relevantes.
A nível europeu, o CED disponibiliza o seu saber e experiência às instituições da União Europeia, desde as áreas da saúde e proteção do consumidor, formação, segurança no trabalho até à legislação relativa ao mercado interno, entre outros. De igual modo, o CED estabelece uma plataforma de partilha de informação entre as diversas associações nacionais dentárias e apoia as mesmas na compreensão e implementação de legislação da UE.
ROMD - A OMD tem sido uma voz ativa na organização? Como descreveria os contributos dos portugueses para a profissão a nível europeu?
FSL - É uma honra ter a OMD como membro do CED. Os nossos colegas portugueses são muito ativos e dedicados. A experiência que trazem para os grupos de trabalho e reuniões do CED é inestimável. Como presidente do CED, gostaria ainda de prestar uma menção pessoal e expressar a minha gratidão ao Dr. Paulo Melo pelo seu contributo ao longo de todos estes anos no Board do CED e como presidente do Grupo de Trabalho do CED Formação e Qualificações Profissionais.
Como membro do CED, o trabalho incansável da OMD assevera que os interesses dos médicos dentistas portugueses sejam representados e que a medicina dentária como profissão liberal seja defendida, quer a nível nacional, quer europeu. É difícil resumir em poucas frases, décadas de estreita colaboração – a OMD e os seus profissionais experientes têm sido indispensáveis em questões como a formação e qualificações profissionais, o mercado interno, os desafios no mercado de trabalho, o papel da medicina dentária na saúde pública, entre outros.
ROMD - Quais são os grandes desafios que a medicina dentária europeia enfrenta?
FSL - A medicina dentária enfrenta vários desafios e é importante destacar que as situações diferem de país para país. De modo geral, a população europeia envelhecida leva a históricos médicos mais complexos e tratamentos diferentes. Adicionalmente, existe uma pletora de questões relacionadas com o mercado de trabalho. A profissão de médico dentista é cada vez menos apelativa para os jovens e existe a expectativa de trabalharem em grandes clínicas (em oposição às clínicas mais pequenas com um único médico dentista). Com a constante evolução na tecnologia, as competências digitais e o conhecimento de novas formas de prestar tratamentos estão com elevada procura, enquanto, por um lado, e há uma redução generalizada nos investimentos em formação na medicina dentária.
E-Saúde é uma das questões prioritárias do mandato de Freddie Sloth-Lisbjerg
ROMD - O Brexit trouxe desafios acrescidos. Como é que este processo está a afetar os profissionais europeus que trabalham neste país?
FSL – Atualmente, os médicos dentistas europeus podem inscrever-se no Reino Unido, com base nas suas qualificações europeias. Contudo, precisam de visto de trabalho se não tiverem estatuto de residente permanente. As condições para a obtenção do visto são normalmente acessíveis.
O processo Brexit trouxe várias alterações e desafios e registou-se de facto um decréscimo nos médicos dentistas provenientes da UE registados, no último ano. Este decréscimo poderá estar igualmente relacionado com a pandemia da COVID-19, que levou muitos prestadores de cuidados orais a regressarem ao seu país de origem, de modo a ficarem mais próximos das suas famílias durante estes tempos desafiantes. Para além das implicações pandémicas, a escassez de médicos dentistas no serviço nacional de saúde (NHS) do Reino Unido também se deve ao facto de muitos terem deixado o NHS para enveredar pela prática privada. É importante salientar que os médicos dentistas da UE que se encontravam no Reino Unido antes do final de 2020 foram convidados a submeter o pedido de residente no âmbito do EU Settlement Scheme. Este sistema permitia permanecer no Reino Unido de forma permanente.
ROMD - Que mensagem e conselhos gostaria de deixar para os médicos dentistas portugueses?
FSL – Atualmente, a profissão de médico dentista mantém a importância crucial na saúde pública, mas também existem muitos desafios que todos os atuais e futuros profissionais enfrentam. Devemos todos permanecer ágeis, empenhados e informados, assegurando, assim, que a voz da profissão seja ouvida em alto e bom som a todos os níveis. Incentivo todos os colegas a se envolverem, especialmente através das suas organizações dentárias locais e nacionais.
Devo também reconhecer que os últimos anos trouxeram alguns novos desafios para a profissão, para os pacientes e para a sociedade. É minha esperança e desejo para o futuro que todos os colegas continuem a sua incansável dedicação à nossa fantástica profissão e que todos nós possamos emergir mais fortes, olhando para o passado para construir o futuro da medicina dentária.
“Devemos todos permanecer ágeis, empenhados e informados, assegurando, assim, que a voz da profissão seja ouvida em alto e bom som a todos os níveis”
GLOBAL · Compromisso global
Abertura da 75ª Assembleia-Geral da OMSCréditos: WHO
A 75ª Assembleia-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) fica associada a um marco histórico para a saúde oral: em Genebra, os Estados-Membros assumiram, por unanimidade, o compromisso global de criar uma agenda prioritária que cumpra o desígnio de alcançar a cobertura universal dos cuidados de saúde oral até 2030.
Esta decisão surge no âmbito das medidas que têm vindo a ser aprovadas ao longo dos últimos meses e que mostram uma crescente preocupação da OMS face às doenças orais e ao seu impacto não só na saúde geral, mas também na economia mundial. De notar que estas patologias são as mais prevalentes em todo o mundo, estimando-se que afetam metade da população mundial (3,5 biliões).
A definição de uma estratégia global para a saúde oral enquadra-se na adoção do Roteiro 2023-2030 para a prevenção e controlo de doenças não transmissíveis (DNT) (The road map 2023–2030 for the global action plan for the prevention and control of noncommunicable diseases).
Esta declaração política incorpora várias recomendações apresentadas pela Federação Dentária Internacional (FDI), nomeadamente a inclusão da saúde oral na resposta da OMS a emergências de saúde, e na nutrição materna e infantil, alinhando as metas com o seu documento Visão 2030. Este compromisso assume objetivos para a saúde oral (item 14.1 (c ) Global strategy on oral health), atualizando a sua definição e integrando-a na estratégia das doenças não transmissíveis. O documento está disponível para consulta em https://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA75/A75_10Add1-en.pdf?fbclid=IwAR2n-T6SCkwY3TV2HRYddEJId-e07CevJQ2KFQ-zToEtmydTUPWR372Ngh0.
Recorde-se que, em 2021, os membros da OMS anuíram que a saúde oral deve integrar a agenda das doenças não transmissíveis e que as políticas desenvolvidas neste âmbito devem ser incluídas nos programas de cobertura universal de saúde. Além do desenho de uma estratégia global, a organização assumiu o desafio de criar um plano de ação com metas para 2030.
Para este ano, está ainda prevista a publicação do primeiro relatório global sobre saúde oral.
FDI disponibiliza vídeos sobre a saúde oral e a qualidade de vida
A propósito do impacto da pandemia da Covid-19 na saúde oral da população a nível mundial, a Federação Dentária Internacional (FDI) colocou ao dispor dos médicos dentistas e demais profissionais de saúde um conjunto de vídeos informativos.
Este material, que assume o lema “Além de um sorriso saudável”, dá voz às experiências vividas em diferentes países durante a pandemia e à forma como foi afetado o acesso à medicina dentária. Por outro lado, visam alertar para a relação entre a saúde oral e a qualidade de vida, incentivando as populações a não descurarem estes cuidados e a visitarem o médico dentista regularmente.
Estes vídeos foram lançados durante a 75ª Assembleia Mundial da Saúde da OMS e visam demonstrar que este é o momento certo para integrar os cuidados de saúde oral nos sistemas gerais de saúde, de forma a alcançar-se uma plena cobertura universal dos cuidados de saúde.
Poderá aceder aos vídeos em www.worldoralhealthday.org/beyond-healthy-smile.
ESTILO DE VIDA
Joana Vasconcelos, artista plástica© Arlindo Camacho para Atelier Joana Vasconcelos
Joana Vasconcelos
Artista plástica
É na arte e na criação que reside a evolução
É uma das mais conceituadas artistas plásticas do mundo, que através da sua obra tem levado a bandeira de Portugal além-fronteiras. Joana Vasconcelos abriu caminho para a arte feminina em muitas situações. Um pioneirismo que assume como “privilégio”, mas também de “responsabilidade”. Em entrevista à Revista da OMD, a artista faz a resenha do seu percurso, recorda os tempos de pandemia e o impacto no trabalho, fala da Árvore da Vida e de tudo o que a inspira.
ROMD - Há um antes e um depois da artista Joana Vasconcelos que há mais de 20 anos conquistou o Prémio da Fundação EDP?
JV - Há sim, sem dúvida. O Prémio Novos Artistas da Fundação EDP (2000) representou um salto quântico na minha carreira. Proporcionou-me a minha primeira grande exposição individual, o meu primeiro catálogo, o primeiro vínculo sério com uma galeria (a 111) e o meu primeiro vencimento. Trouxe-me visibilidade e coragem para continuar a criar. Foi a confirmação de que todo o meu esforço tinha valido a pena. Deu-me os alicerces para estruturar a minha obra e organizar a minha vida. Um projeto artístico é um processo complexo, nada imediato, que requer tempo e resiliência, mas um prémio pode mesmo mudar a vida de um artista.
ROMD - Foi a primeira mulher e a artista mais jovem a expor no Palácio de Versalhes, em 2012. O que significou este marco não só em termos de carreira, mas também a título pessoal?
JV - Nunca me vou esquecer da porteira de Versalhes me dizer que eu era a primeira mulher a tomar conta daquele palácio depois de Maria Antonieta. Fui a primeira mulher aí, mas também em muitas outras situações. Em 2018, fui a primeira artista portuguesa a ter uma exposição individual num Guggenheim, em Bilbao. E participei na primeira Bienal de Veneza, em 2005, com curadoria feminina ao longo dos seus 110 anos de história…
Estamos em 2022, tenho 50 anos, e a verdade é que houve tantas grandes artistas mulheres antes de mim… Entristece-me que não tenham tido as mesmas oportunidades que me foram dadas a mim, que não tenham sido reconhecidas pelo seu trabalho no seu tempo. Por isso, sinto que aquilo que me tem sido atribuído é um privilégio, mas também uma responsabilidade.
ROMD - Como define / descreve a sua obra?
JV -Eu caracterizaria o meu trabalho como sendo curioso, aberto, desafiador, alegre e comunicativo.
ROMD - O quotidiano, o dia-a-dia de cada indivíduo e da sociedade são por si só inspiradores. As pequenas coisas da vida têm matéria-prima quase infinita para um artista explorar?
JV - O meu trabalho parte muitas vezes de uma observação crítica da realidade, com ironia e humor, questionando a forma como nos relacionamos com o mundo. Interesso-me muito pelos comportamentos da sociedade contemporânea, pelo significado dos objetos do quotidiano. Na minha obra, a apropriação, descontextualização e subversão destes objetos resulta numa alegoria. Transformando o banal, questionando o discurso vigente, abrindo novos e amplos horizontes.
Para a artista, a arte é e será sempre “uma experiência sensorial”© Arlindo Camacho para Atelier Joana Vasconcelos
ROMD - O Bolo de Noiva é o projeto mais ambicioso da sua carreira?
JV - Sim. O Bolo de Noiva é um cruzamento entre o universo da arquitetura e o da pastelaria. Um pavilhão escultórico de 12 metros de altura, revestido a azulejos, na forma de um bolo de casamento de três andares que está a ser cozinhado desde 2017. Como boa parte da minha obra, inspira-se profundamente no movimento barroco e recupera uma herança cerâmica, trazendo de volta à produção algumas peças antigas da centenária fábrica Viúva Lamego, como conchas, peixes e figuras de anjos. Uma ideia minha que o Lorde Rothschild encomendou para a sua propriedade em Waddesdon, Inglaterra. Tem sido um grande desafio também pelo contexto que vivemos, pós-pandemia, com uma guerra em curso… É o meu projeto mais ambicioso até à data e é, acima de tudo, um templo ao amor.
ROMD - Como se gere um projeto desta dimensão com outros, nomeadamente uma Árvore da Vida, não só no aspeto de tempo e execução, mas também emocional e de criatividade?
JV - A Árvore da Vida está a ser desenvolvida para a Sainte-Chapelle de Vincennes, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França. Vai ter 13 metros de altura e mais de 110 mil folhas feitas à mão pelos artesãos que trabalham no meu atelier. Começámos a trabalhar nelas a partir de casa, durante o confinamento por COVID-19, e acabámos a criar uma escultura têxtil que faz o paralelismo com o poderoso gesto de independência de Dafne, a figura mitológica da escultura de Bernini que, num cenário de limitação, decide transformar-se em árvore. Esta obra é uma reflexão sobre a sustentabilidade do planeta e uma afirmação da vida para lá da pandemia.
ROMD - A linguagem da arte é universal. No entanto, durante o processo criativo tenta adaptar a sua obra ao país e contexto em que será exposta?
JV - Sempre me interessou comunicar de forma global e frequentemente utilizo certos temas, materiais ou técnicas também como forma de gerar um diálogo entre a cultura portuguesa e outras culturas, por exemplo. É muito importante para mim que o meu trabalho interaja e dialogue não só com os públicos, mas também com os locais onde é exposto. Quando aceito fazer uma exposição num museu ou uma encomenda para um espaço público, faço sempre questão de ir ao local, conhecer todo o potencial que o espaço e a sua atmosfera oferecem. E como melhor posso interagir com ele. De certa forma, o local informa sempre a minha arte - mesmo que as obras não sejam feitas especificamente para a exposição em que são apresentadas - pela interação que se cria, pelo diálogo com o lugar.
ROMD - O digital está a ganhar terreno em todas as áreas e esta não é exceção. Como encara esta evolução dos tempos?
JV - Eu vejo o digital como uma boa maneira de promover uma obra de arte, mas acredito que nada substitui a experiência que se pode ter diante de uma obra de arte. A arte é e continuará a ser, acima de tudo, uma experiência sensorial.
“Caracterizaria o meu trabalho como sendo curioso, aberto, desafiador, alegre e comunicativo”
ROMD - Primeiro uma pandemia, agora uma guerra. Apesar do vastíssimo currículo, de serem suas algumas das exposições mais visitadas de sempre e de ter percorrido o mundo teve, ou tem, momentos em que teme pelo futuro?
JV - A pandemia obrigou-me a fechar o estúdio pela primeira vez em 25 anos. Como em todo o mundo, tivemos que reinventar as nossas rotinas, trabalhar a partir de casa e dar continuidade aos projetos que tínhamos em mãos com muitas limitações. O mundo da arte parou, fez-nos reequacionar o que fazemos e como o fazemos, e acho que as coisas nunca mais voltarão a ser como antes. Mas também é nestas alturas de maior incerteza que os criadores podem contribuir para a sociedade, através da sua inspiração e de um debate de ideias que ajude a pensar e projetar o futuro. Ainda estamos a viver um ponto de viragem na história da humanidade.
ROMD - Embora vivamos tempos sombrios, a sua obra mantém a cor. É uma assinatura ou sobretudo a sua forma de encarar a vida e o mundo?
JV - Em Portugal, a luz tem uma forte qualidade branca, e isso tem um impacto profundo no nosso espectro cromático, na forma como nos relacionamos com a cor, que é muito diferente do norte da Europa, por exemplo. Isso reflete-se na escolha das cores utilizadas no meu trabalho. Para além disso, o colorido contradiz alguns conceitos estereotipados que resultaram da ditadura em Portugal. Ainda subsiste a imagem pesada de um país carregado de pessimismo, onde as mulheres se vestem de preto e só resta o fado e a nostalgia. As cores do meu trabalho não só resultam da justaposição de muitos objetos e símbolos de diferentes origens, mas também sugerem uma maior abertura ao mundo.
ROMD - Há pouco tempo referiu numa entrevista que pretende fazer do atelier um museu aberto ao público. Considera que ainda há muito a fazer pela educação para a arte e que este tema é uma peça-chave para a transformação e evolução de qualquer sociedade? É urgente a revolução pela arte?
JV - A meu ver, é na arte e na criação que reside a evolução. Antes de mais, é importante que se desenvolva uma consciência cívica através de uma política cultural e uma oferta de programação muito mais forte e integrada. Que permita gerar na sociedade uma outra visão, mais criativa, que possa inspirar novas formas de pensar e novas soluções para os problemas antigos. A cultura deve ser a âncora para o futuro do nosso país e do mundo.
ROMD - A convite da presidente da comissão organizadora, Teresa Alves Canadas, concedeu-nos a honra de participar no 31º Congresso da OMD. Revê-se no lema desta edição: Art with Heart? Considera existir uma vertente artística dos médicos dentistas no desempenho da sua profissão?
JV - Em primeiro lugar, é preciso dizer que não é artista quem assim o decide, mas quem é reconhecido como tal pelo seu papel na sociedade, a registar e questionar o seu tempo. Eu nunca tive queda para médica dentista, pelo que também não espero que os médicos dentistas sejam artistas. É para mim um prazer associar-me a este evento, pois é uma profissão que respeito e valorizo muito, que contribui para uma sociedade mais saudável, com a sua perícia médica. O importante é que cada um contribua para a sociedade à sua medida, com o seu talento.
#semfiltro
Da vasta obra se pudesse escolher uma, qual seria?
A Noiva. Continua a ser a minha pièce de resistance.
Qual foi a obra mais difícil?
Podia apontar várias, mas o Trafaria Praia foi um enorme desafio. Foi o primeiro pavilhão flutuante na história da Bienal de Veneza, em 2012, e continua sem afundar. A recuperação de um cacilheiro antigo e uma experiência épica para toda a equipa do atelier.
E o pedido/ desafio mais inusitado?
Foram muitos, mas uma vez ligaram para o atelier a perguntar se eu não estava interessada no fim de stock de uns telefones prestos antigos, analógicos, para cima de 160. Eu disse que não, mas uns dias mais tarde perdi o telemóvel em viagem e lembrei-me de os usar para criar o Call Center. É uma obra que questiona a nossa dependência da tecnologia e o reverso da comunicação de massas.
O local mais inesperado onde expôs?
Foram vários, mas a marcenaria desativada - onde agora se encontra o MAAT – que recebeu a exposição do prémio EDP representou um sem fim de paradoxos… Era um edifício devoluto, sem eletricidade – mesmo se aquele era o sítio da eletricidade – e tivemos que ser nós a fazer a instalação elétrica!
Onde se sente em casa?
No meu atelier, à beira Tejo. É o local onde crio as minhas obras e onde quero receber sempre mais pessoas. Que quero transformar em Atelier Museu Aberto.
Joana Vasconcelos foi primeira artista portuguesa a ter uma exposição individual num Guggenheim© Arlindo Camacho para Atelier Joana Vasconcelos